Relation Play

Relation Play – Do movimento para o desenvolvimento


As Perturbações do Espectro Autista apresentam grandes défices nas competências da comunicação e da interacção social. Com efeito, as crianças com esta patologia sentem-se incapazes de se relacionar com as pessoas que as rodeiam, pois não compreendem a sua forma de pensar e sentir. Além disso, é característica comum a reacção aversiva ao toque.

Tendo por base a análise do movimento de Rudolf Laban, Verónica Sherborne idealizou o Relation Play como forma de promover o desenvolvimento global da criança com dificuldades de aprendizagem, considerando o relacionamento consigo própria e com o outro essenciais para uma progressão satisfatória.

O jogo da relação é feito através de uma sequência de movimentos corporais, que, experienciados em cooperação com o outro, promovem a consciência do eu e a consciência do outro, indispensáveis para a comunicação efectiva entre ambos. São movimentos livres, no chão e no espaço, não há certo nem errado e nenhuma concorrência, todos são bem sucedidos à sua maneira. A linguagem corporal, a mímica, as expressões faciais, o toque e o contacto ocular estão constantemente presentes.

Sherborne desenvolveu três tipos de movimento, que mimetizam a forma como nos relacionamos:

- "com”- movimentos a dois, em que o parceiro activo contém e suporta o outro, parceiro passivo;
- “partilhado” – movimentos interdependentes, em que os dois parceiros se suportam mutuamente e cooperam de forma igual;
- “contra”- movimentos direccionados contra o parceiro, que focam a energia corporal e testam a força e estabilidade.

A apresentação seguinte mostra algumas fotografias de sessões de Relation Play e algumas das técnicas utilizadas neste tipo de intervenção:




Os movimentos são simples e baseiam-se na forma natural da pessoa se movimentar, para que a criança se identifique com eles. Na prática, o terapeuta molda o tipo de interacção, o seu ritmo e intensidade às reacções da criança, que tem a liberdade de expressar o que lhe agrada.

A criança concentra-se nas sensações físicas inerentes ao movimento, o que torna mais fácil compreender a posição do seu corpo no espaço, a posição das partes do corpo umas em relação às outras, e a sua funcionalidade. Esta consciência permitir-lhe-á adaptar as suas respostas motoras na realização dos exercícios, contribuindo para aumentar a auto-estima e a auto-confiança.

A relação que se estabelece deve ter por base a aceitação e o respeito mútuos, para que progressivamente a criança ganhe confiança no terapeuta e o inclua no seu mundo. O terapeuta começa pelos exercícios mais simples, aumentando progressivamente o nível de dificuldade à medida que a criança se sente mais segura.

Esta técnica, devido ao seu poder terapêutico e educativo, é utilizada por variados profissionais, tais como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, educadores do ensino especial e professores de educação física.

Os professores, pais e irmãos podem aprender alguns exercícios para realizarem com a criança, na escola e em casa, pois a prática intensiva e continuada é fundamental para que a criança consiga desenvolver o seu potencial.

Actualmente, esta abordagem abrange pessoas de todas as idades e com qualquer tipo de necessidades especiais, contudo estes exercícios são particularmente importantes para aquelas que têm dificuldades em relacionar-se com o seu próprio corpo e com os outros, tendo sido aplicados à síndrome de Down, ao atraso mental e ao autismo.





Floor Time

Floortime (traduzido à letra: “tempo no chão”) é um método de tratamento que tem em consideração a filosofia de interagir com uma criança autista. É baseado na premissa de que a criança pode melhorar e construir um grande círculo de interesses e de interacção com um adulto que vá de encontro à criança, tendo em conta o seu estágio actual de desenvolvimento e que o ajuda a descobrir e aumentar a sua força e auto-estima.

A meta no Floortime é desenvolver a criança dentro de 6 aspectos básicos para a plenitude do desenvolvimento emocional e intelectual do indivíduo:

1. Noção do próprio eu;
2. Interesse no mundo;
3. Intimidade ou um amor especial para a relação humana;
4. A comunicação em duas vias (interacção);
5. A comunicação complexa;
6. As ideias emocionais e o pensamento emocional.

No Floortime, os pais entram numa brincadeira que a criança goste ou se interesse e em que esta própria lidera. A brincadeira é realizada no chão, para que, estando ao seu nível, possa ser facilitada a criação de interacção, ligação e contacto visual entre ambos. A partir dessa ligação mútua, os pais ou o adulto envolvido na terapia, são instruídos em como mover a criança para actividades de interacção mais complexas. O Floortime não separa ou foca as diferentes habilidades da fala, habilidades motoras ou cognitivas, mas guia essas habilidades, enfatizando o desenvolvimento emocional.

Em baixo, pode visualizar algumas fotografias de sessões do Floor Time. Fique a conhecer um pouco desta realidade...








Modelo de Neurodesenvolvimento

O modelo do Neurodesenvolvimento é um modelo de delineação utilizado pelos terapeutas ocupacionais que se fundamenta em princípios neurofisiológicos e do desenvolvimento e que tem como principal objectivo a normalização e integração dos processos biológicos. Assim, este modelo é indicado para crianças com limitações motoras originadas por lesões e disfunções cerebrais.


Para além de facilitar a mudança da organização sensório-motora do sistema nervoso, este modelo também promove um comportamento voluntário da criança adequado ao ser fornecido um input sensorial centrado na sequência do desenvolvimento.


Existe uma grande variedade de abordagens que se inserem no modelo do Neurodesenvolvimento, nomeadamente, a Integração Sensorial, a Estimulação sensorial (relacionada com Snoezelen), a Abordagem de Bobath, a Abordagem da Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (PNF), a Abordagem de Rood, a Educação condutiva, e a Adaptação espácio-temporal.

Integração Sensorial e Snoezelen

Integração Sensorial é uma teoria sobre as relações do cérebro com o comportamento, proposta por A. Jean Ayres, em 1970.

O cérebro é a parte mais complexa do corpo humano. A ele estão incumbidas tarefas como a recepção e percepção dos estímulos exteriores, recebidos dos meios físico e social. É através dos estímulos que a criança aprende a movimentar-se, equilibrar-se e relacionar-se com o mundo envolvente. O cérebro organiza, portanto, toda a informação recebida de modo a poder possibilitar uma resposta o mais adaptativa possível. Ele depende da informação que recebe do ambiente através dos sistemas sensoriais: visão, audição, tacto, olfacto e paladar. Além disso, precisa ainda de informação sobre a gravidade e movimento. Todas estas informações são reunidas e organizadas segundo um plano de acção. A este plano de acção que o cérebro dá à informação sensorial dá-se o nome de Integração Sensorial. Contudo, nem sempre o plano de acção que o cérebro elabora é o mais correcto. Por vezes, distúrbios na recepção e organização das informações sensoriais recebidas sobre o mundo vão afectar o desempenho das diferentes áreas em que a criança se encontra inserida. O facto de a criança não receber as informações sensoriais de forma correcta e concisa intefere com o seu processo de aprendizagem. Quando isto ocorre, diz-se que a criança possui uma dificuldade no processamento sensorial.

É nisto que a aplicabilidade da Integração Sensorial se baseia quando se associa às crianças autistas.

A criança autista é uma criança com défices no processamento da informação e modulação sensoriais, as quais lhe acarretam consequências emocionais e frequentemente levam a um défice na adaptação social, dificuldades na interacção com os outros, assim como dificuldades em interpretar as reacções emocionais (Greenspan & Greenspan, 1989).

O tratamento realizado pelos terapeutas ocupacionais, à luz da Integração Sensorial é sempre feito através da estimulação das diferentes modalidades sensoriais: estimulação vestibular, proprioceptiva, táctil e sinestésica.

Uma das formas de se aplicar a Integração Sensorial é através do recurso às salas de Snoezelen. O seguinte vídeo retrata um pouco da realidade desta técnica.



Perfil Sensorial

Existem inúmeros relatos de clínicos, pais e pessoas com autismo que referem a manifestação de comportamentos atípicos por parte das crianças autistas quando contactam com estímulos visuais, sons, cheiros ou texturas aparentemente inócuos, seja uma atenção invulgarmente intensa a determinadas sensações, ou uma ansiedade desconcertante que despoleta uma birra, como um alheamento completo ao que as rodeia. Estudos realizados concluíram que as crianças com autismo costumam funcionar em limiares neurológicos extremos, ou seja, são hipo e/ou hiper-reactivas aos estímulos.

Sendo assim, as crianças com autismo podem ser agudamente sensíveis a sons (ex. tapar os ouvidos ao ouvir um cão latir ou o barulho de um aspirador de pó). Outras podem parecer ausentes perante ruídos fortes ou pessoas que as chamam, mas ficam fascinadas pelo som de um papel a ser amarrotado. Luzes brilhantes podem causar stress, ainda que algumas crianças sejam fascinadas pela estimulação luminosa (ex. mover um objecto para a frente e para trás em frente dos seus olhos). Muitas crianças são fascinadas por certos estímulos sensoriais, tais como objectos que giram, enquanto algumas têm prazer com sensações vestibulares, como rodopiar, realizando esta acção sem, aparentemente, ficarem tontas.

Com base nos seus estudos sobre o modo como as pessoas processam a variedade de sensações a que estão continuamente expostas, Winnie Dunn construiu um modelo explicativo do processamento sensorial que descreve a interacção entre a neurociência e o comportamento das pessoas. Além de podermos compreender melhor as desordens sensoriais das crianças com autismo, este modelo também fornece directrizes para a intervenção de acordo com os padrões sensoriais dominantes na pessoa. O autismo está associado a um padrão sensorial de Procura e de Hipersensibilidade. Vejamos:

Por outro lado, quando os limiares são mais baixos do que o normal, a criança precisa de menos input sensorial para registar a resposta – hiper-reactividade. Sendo assim, muitas crianças com autismo não toleram o toque (defesa táctil) ou ficam fascinadas com o “tique-taque” de um relógio de pulso, pois são muito sensíveis a estímulos tácteis e auditivos.

Frequentemente, as crianças com autismo oscilam entre a procura de sensações e a hipersensibilidade às mesmas.

Através do questionário para pais Sensory Profile os técnicos podem tirar conclusões sobre o padrão de processamento sensorial da criança, e com base nesse conhecimento criar estratégias que respondam às necessidades sensoriais da criança e evitem os comportamentos disruptivos, o que promove a aprendizagem e uma melhor percepção do que se passa em seu redor.




Modelo D.I.R.

DIR - Modelo baseado nas Diferenças Individuais e na Relação

Teoria Cognitivo Comportamental

A Terapia Cognitivo Comportamental baseia-se na estrutura de que um pensamento gera um sentimento que induz a um comportamento. Foca-se no esclarecimento e modificação das distorções que ocorrem nos pensamentos, que são responsáveis pelos sentimentos negativos e que resultam em condutas inadequadas ou causadoras de sofrimento.


A base da Terapia Cognitivo Comportamental é que os sentimentos e os comportamentos são determinados pela maneira que a pessoa estrutura e interpreta o mundo, como pensa, de acordo com as suas crenças. Ao analisar as suas crenças pode modificá-las, afectando o seu desenvolvimento sócio-emocional.


O objectivo é a reestruturação destes pensamentos fazendo com que a pessoa encontre distorções da realidade que possam estar a gerar sofrimento.


Os pensamentos automáticos devem ser analisados com bastante atenção na terapia cognitiva. As razões que levam à criação de certos conceitos podem ser baseadas em intuições distorcidas.A postura do terapeuta é de extrema importância, não podendo ficar escondido atrás da técnica e deixando a relação terapêutica de lado. A confiança e a colaboração são fundamentais.





Intervenção Precoce

Todo o campo da saúde mental tem apresentado mudanças significativas ao longo dos anos, o que permitiu também que a intervenção junto das crianças autistas passasse por transformações.

Com isto, o pensamento vigente passou a ser a detecção precoce da doença, que tem como objectivo impedir que os seus sintomas se tornem irreversíveis ou mais difíceis de serem tratados. Do mesmo modo, ao longo das décadas, a intervenção junto de crianças autistas passou a focar o início da perturbação, antes que os seus prejuízos iniciais causassem maiores dificuldades, o que é muito mais complicado de ser tratado posteriormente. Desta forma, as intervenções actuais sobre a perturbação do espectro autista procuram, após a identificação dos da presença dos sinais de alarme, criar estratégias de intervenções que possam actuar, o mais precocemente possível, sobre estes sintomas.

Algumas destas intervenções, que estão a ser desenvolvidas noutros países utilizam a abordagem desenvolvimentista procurando actuar assim que as dificuldades iniciais são identificadas, no curso do desenvolvimento da criança autista, analisando o que o difere do curso do desenvolvimento típico para tentar aproximá-lo, o mais que puder deste último. Logo, a sua proposta é tentar retomar o processo do desenvolvimento típico que a criança autista não pôde percorrer devido às suas dificuldades na interacção e comunicação inicial.



Além disso, devido à plasticidade neuronal, que permite um maior rearranjo das ligações sinápticas e funcionamento cerebral, Dawson & Zanolli (2003) acreditam que, como a perturbação autista está associada a prejuízos nos sistemas cerebrais surgidos muito cedo na vida destas crianças, as intervenções precoces, por causarem transformações nas sinapses neuronais do cérebro, que ainda se encontram bastante flexíveis devido à pouca idade destas crianças, podem ajudá-las a exibirem uma actividade mais normal do mesmo.

Deste modo, um dos princípios fundamentais desta abordagem é acreditar que as interacções sociais recíprocas são fundamentais para todo o desenvolvimento infantil, e se elas estão prejudicadas nas Perturbações do Espectro Autista, devem ser trabalhadas para um bom prognóstico do quadro. Afinal de contas, dentro de um contexto de isolamento e privação de estímulos, as crianças autistas aumentam a sua sintomatologia, ao passo que, se for possível estimulá-las, pode ser que se consiga um abrandamento de seus sintomas, permitindo a estas crianças um espaço e uma oportunidade para se desenvolverem.




Intervenção Familiar

Descobrir que um filho tem Autismo pode ser muito difícil de aceitar para certos pais. Questões que se prendem com preconceitos, que infelizmente ainda existem, sobre o diagnóstico, a dificuldade de entender e muitas vezes aceitar o autismo, a preocupação vinda da incerteza que é o futuro do filho e as mudanças familiares face a uma perturbação incurável, precisam ser encaradas com respeito, e trabalhadas, visando a vinculação e a confiança para que se consigam atingir resultados positivos na abordagem das perturbações globais do desenvolvimento.


É de todo impossível trabalhar com crianças e adolescentes e desprezar o papel dos pais ou cuidadores. São eles que acompanham a criança nas dificuldades dia-a-dia, que passam mais tempo com elas e, seguramente, são eles que as conhecem melhor!

Muitas vezes, os pais apresentam sentimentos que se reflectem na maneira de interagir com os seus filhos, muitos deles sentem-se impotentes perante a situação e admitem não saber o que fazer em determinada situação, não saber lidar com o seu filho. Uma boa relação com as pessoas que mais lhes são chegadas é importante para o bom desenvolvimento dos mais pequeninos. Nas crianças com autismo, apesar da sua dificuldade em socializar e comunicar, essa relação é igualmente necessária e muito importante.

Como já referenciado neste blog, os pais devem assumir a posição dos filhos, brincar com eles sempre com o objectivo de proporcionar situações que possam estimular a criança a adquirir novas competências. Isto pode parecer difícil para os pais, “Como é que eu faço isso?”, “Como sei se estou a fazer o que é certo?”, estas dúvidas são legítimas e desanimadoras, no entanto os pais nunca devem deixar de procurar ajuda.

O TPBA (Avaliação Trandisciplinar Centrada no Jogo) e o TPBI (Intervenção Trandisciplinar Centrada no Jogo) são dois métodos que muito podem auxiliar os pais onde envolve a criança em situações de jogo estruturadas, ou não, pelos pais ou por um dos profissionais. No TPBA, a criança é observada durante um determinado período de tempo a brincar com um facilitador, um dos profissionais que constitui a equipa ou os seus pais. O facilitador deve comentar a acção da criança, modular os estímulos, usar tempos de espera, introduzir a troca de turnos, promover a interacção social, provocar acontecimentos interessantes, ajudar a criança a criar estratégias para resolver problemas e equilibrar a experimentação, demonstração e orientação. Esta observação providencia uma avaliação desenvolvimental em diferentes domínios, nomeadamente o cognitivo, o motor, o sócio-emocional e a linguagem/comunicação. O segundo (TPBI) constitui um processo de intervenção natural e funcional que é construído de acordo com as competências da criança e que promovem um desenvolvimento positivo. Preconiza que a intervenção deve ser expandida à casa da criança, escola e restante comunidade, sendo este processo orientado para a criança considerando as suas motivações e interacções com o meio como chave para a aprendizagem.

O TPBI é um processo orientado para a família que a envolve directamente no processo de tomada de decisão sobre o tipo de intervenção mais apropriado e encoraja a utilização de tarefas domésticas e situações com que a criança se depara diariamente como sendo materiais lúdicos e oportunidades de interacção e desenvolvimento, ou seja, através destes é possível que os pais sejam parte interveniente na expansão das competências dos seus filhos sentindo-se deste modo úteis e capazes de ajudar.


Um estudo realizado por Bristol e Schopler (1983) demonstra que o stress dos familiares destas crianças é mais elevado do que aqueles que possuem um filho com um desenvolvimento típico ou até mesmo com Síndrome de Down, sugerindo que o stress parece ser um processo geralmente encontrado nos familiares de pessoas com autismo em virtude da especificidade da síndrome. Por isso, um novo conceito foi criado, o conceito de copping. Este conceito tem sido descrito como o conjunto de estratégias utilizadas pelas pessoas para se adaptarem a circunstâncias adversas ou stressantes.


Vários autores identificam duas formas principais de copping:

Centrado no problema: inclui estratégias de definição do problema, criação de soluções alternativas, selecção e implementação da alternativa escolhida.

- Centrado na emoção: tem como objectivo promover acções para controlar o estado emocional e impedir que as emoções negativas afectem a promoção de acções para a solução dos seus problemas.

O copping deve ser visto como independente do seu resultado! Uma estratégia de coping não pode ser considerada propriamente boa ou má, mas precisa de ser avaliada a partir do contexto e das características em que ocorreu o episódio de stress e dos indivíduos envolvidos.

Para Compas (1987), ambas as estratégias de coping são importantes, no entanto, a sua eficácia é principalmente caracterizada por flexibilidade e mudança. Novos embates requerem novas formas de coping, pois uma estratégia não é eficaz para todos os tipos de stress.

Com o auxílio das técnicas e métodos aqui mencionados e com todos os outros aqui referenciados no blog, ainda que alguns sejam conceitos bastantes teóricos, os pais conseguirão compreender os seus filhos, as suas reacções e os seus comportamentos o que deste modo irá promover o seu desenvolvimento em diversas áreas e levará, principalmente, a que se sintam compreendidos, apesar da sua maneira tão especial de viver a vida.





Musicoterapia

A musicoterapia é considerada uma ciência paramédica que estuda a relação do homem com o som/música. "A influência fisiológica e psicológica do som no cérebro traz inúmeros benefícios à pessoa.” Esta, através da pesquisa sobre a vida e o ambiente no qual está inserido o paciente, procura identificar e equilibrar o seu ritmo interno (Santos, L.)

A musicoterapia é a primeira técnica de aproximação com a criança autista. Pode-se considerar que o autista é uma espécie de feto que se defende contra os medos de um mundo externo desconhecido e contra as sensações das deficiências do seu mundo interior. Portanto, é importante trabalhar em etapas com elementos de regressão, ou seja, musicoterapia passiva ou receptiva (o paciente é submetido ao som sem instruções prévias), de comunicação e de integração.

As actividades de musicalização, por exemplo, servem como estímulo à realização e ao controlo de movimentos específicos, contribuem na organização do pensamento, e as actividades em grupo favorecem a cooperação e a comunicação. Além disso, a criança fica envolvida numa actividade cujo objectivo é ela mesma, onde o importante é o fazer, participar, não existe cobrança de rendimento, a sua forma de expressão é respeitada, a sua acção é valorizada, e através do sentimento de realização ela desenvolve a auto-estima.

Sadie Bréscia (2003, p.50) afirma que:

Em suma:



http://www.autistas.org/musicoterapia.html Consultado a 29 de Dezembro de 2008, pelas 18.24h.

Bréscia, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. (2003)São Paulo: Átomo.

Escola Inclusiva




Unidades de ensino estruturado

As unidades de ensino estruturado foram criadas com a finalidade de incluir crianças que apresentem perturbações que podem ser enquadradas no espectro autista, independentemente do grau de severidade ou de manifestarem outras perturbações associadas. Uma unidade de ensino estruturado poderá ser criada em qualquer nível de ensino pelo que todas as crianças, qualquer que seja a sua idade, poderão usufruir destas.

Estas crianças têm necessidade de frequentar estas unidades devido às suas dificuldades cognitivas e comportamentais, pois nestas é prestado um apoio diferenciado e adaptado à especificidade de pensar e aprender de cada um.

Estas unidades têm como objectivos:


As equipas responsáveis pela orientação destas unidades são constituídas por: familiares, técnicos de saúde e educação, órgãos de gestão dos agrupamentos de escolas ou escolas e, se necessário, serviços da comunidade.

O ensino estruturado consiste num dos aspectos pedagógicos mais importantes do Modelo TEACCH. Este modelo tem como propósitos o ensino de capacidades de comunicação, organização e prazer na partilha social. Dá também ênfase às competências encontradas nas pessoas com PEA tais como: processamento visual, memorização de rotinas funcionais e interesses especiais.

A estruturação externa do espaço, do tempo, dos materiais e das actividades é fundamental para promover uma organização interna e diminuir a ocorrência de comportamentos desadequados facilitando a aprendizagem.

Unidades especializadas em multideficiência

As unidades especializadas em multideficiência foram criadas para alunos que apresentam acentuadas limitações no domínio cognitivo, associadas a limitações no domínio motor e/ou no domínio sensorial (visão ou audição), e que podem ainda necessitar de cuidados de saúde específico (Drelove, Sobsey e Silberman, 2004; Saramago e tal, 2004) o que os leva a experienciar graves dificuldades no processo de aprendizagem e na participação nos diversos contextos: educativo, familiar e comunitário.

O ponto mais importante e simultaneamente mais desafiante na educação destes alunos é que estes experienciem actividades significativas que acabem por ir ao encontro daquilo que os outros colegas sem NEE desenvolvem, isto é, que estas experiências sejam idênticas e que simultaneamente respondam às necessidades de cada um permitindo que a aprendizagem seja adequada às suas capacidades. É ainda conveniente que estas experiências sejam realizadas nos contextos naturais, incluído o contexto de sala de aula.

Assim, nestas unidades especializadas em multideficiência a educação destes alunos deve seguir modelos centrados não só no seu desenvolvimento, mas também na actividade e na participação em ambientes significativos independentemente das capacidades do aluno e mesmo que isso represente participarem com auxílio total ou parcial na actividade. Torna-se igualmente necessário que as suas oportunidades de aprendizagem tenham como base experiências da vida real e que todo o seu plano interventivo se foque na comunicação, na orientação e na mobilidade.
O ensino regular é um direito de todas as crianças e por isso as salas não deverão ter pré-requisitos. Além disso a inclusão de alunos com NEE no ensino regular é uma vantagem tanto para os alunos com NEE – que imitam o bom comportamento dos outros e são estimulados por estes, como para os alunos sem NEE – apresentam maiores níveis de atenção, de envolvimento na tarefa e melhores resultados na aprendizagem. Isto verifica-se pois o ambiente nestas salas é mais estruturado, há um maior controlo e existe um desenvolvimento da responsabilização entre alunos.



Bibliografia:
- ESTSP-IPP. (2008). Slides disponibilizados pela Terapeuta Mónica Maia: Unidades de ensino estruturado.
- ESTSP-IPP. (2008). Slides disponibilizados pela Terapeuta Mónica Maia: Unidades especializadas em multideficiência.

- http://olharessobreainclusao.blog.com/719426/. Consultado dia 15 de Janeiro de 2009 pelas 17h15.
- http://educacaoespecial.madeira-edu.pt/Portals/8/panfleto_informativo.pdf. Consultado dia 15 de Janeiro de 2009, pelas 17h43.

Sistemas de Comunicação Aumentativa e Alternativa

O desenvolvimento de novas abordagens e de novos sistemas tecnológicos tem permitido que qualquer pessoa independentemente da causa e da gravidade da sua patologia, possa encontrar um sistema alternativo e aumentativo de comunicação adequado à sua incapacidade.

As tecnologias de apoio à comunicação são uma componente essencial do sistema aumentativo de comunicação e permitem aos seus utilizadores a transmissão de uma mensagem seleccionada ao seu interlocutor. As tecnologias de apoio são parte integrante do sistema de comunicação. São dispositivos que não devem ser utilizados isoladamente, mas sim como uma técnica de utilização do sistema de comunicação.

No que toca ás tecnologias de apoio, o terapeuta ocupacional tem um papel central nas discussões sobre as diferentes formas de acesso aos diversos tipos de tecnologias, na integração das funções sensoriais e motoras, no desenvolvimento da funcionalidade dos membros superiores e outras partes do corpo para o controlo do meio ambiente e na aquisição da independência nas actividades da vida diária.

Para atender às necessidades de cada indivíduo, no trabalho com a tecnologia de apoio, é função do terapeuta ocupacional conhecer e analisar os recursos existentes e determinar quais os dispositivos que melhor se aplicam às diferentes situações do dia-a-dia. Cada recurso deve ser vivenciado e incorporado à sua prática com os usuários das tecnologias de apoio.



O termo Comunicação Alternativa e Ampliada é utilizado para definir outras formas de comunicação como o uso de gestos, língua de sinais, expressões faciais, o uso de pranchas de alfabeto ou símbolos pictográficos, até o uso de sistemas sofisticados de computador com voz sintetizada (Glennen, 1997). A comunicação é considerada alternativa quando o indivíduo não apresenta outra forma de comunicação e, considerada ampliada quando o indivíduo possui alguma comunicação, mas essa não é suficiente para suas trocas sociais.
Símbolos Gestuais:
A Língua Gestual Portuguesa (LGP) é a língua através da qual grande parte da comunidade surda, em Portugal, comunica.
É produzida por movimentos das mãos, do corpo e por expressões faciais e a sua recepção é visual.
Tem um vocabulário e organização próprios.

Assim sendo, a LGP possui características que fazem dela uma língua e não uma linguagem.
Como qualquer língua oral, a LGP possui variantes dentro do seu próprio país (idioma), alterando, relativamente, de região para região.

No ensino de indivíduos que ouvem, mas com dificuldades no domínio da comunicação, como é o caso de muitas crianças autistas, frequentemente usam estes sistemas gestuais que seguem a estrutura da linguagem oral. A fala é utilizada em conjunto com os signos.
Sistema Makaton: é um programa de linguagem completo. Actualmente inclui um corpo de vocabulário básico ensinado com o recurso a gestos e símbolos em simultâneo com a fala e pressupõe a utilização de estratégias estruturadas de ensino.
É constituído por 350 vocábulos / palavras / gestos distribuídos por oito níveis de complexidade crescente.
O número de vocábulos é restrito, evitando assim a sobrecarga de memória.
Mesmo nos casos em que a capacidade intelectual para a aprendizagem e memorização é bastante fraca e desse modo não consigam verificar grandes evoluções para além dos estados iniciais, permite à criança ter um sistema alternativo de comunicação muito útil ainda que bastante limitado.
É muito utilizado em crianças com bastantes dificuldades de aprendizagem, tais como os autistas, pois usa estímulos visuais, auditivos e gestuais.
Simbolos gráficos:
Os sistemas de simbolos gráficos estão frequentemente ligados ao uso de tecnologias de apoio para a comunicação que compreendem desde as tabelas simples de apontar até aos equipamentos baseados em suportes informáticos, que armazenam os símbolos e ajudam à sua transmissão.

Sistema Bliss: é um sistema visual gráfico representado por símbolos pictográficos (parecem-se com o que representam), que estão acompanhados do seu significado e que representam pessoas, objectos, acções, conceitos, sentimentos. Estão dispostos num quadro com determinada ordem e significado.
Este sistema alternativo de comunicação possui vantagens pois pode ser utilizado em casa, na escola ou em qualquer outro local, visto o quadro ser fácil de transportar.
É de fácil compreensão visto que em cima de cada símbolo existe a palavra escrita e é fundamental para a aprendizagem da leitura e da escrita, reforça a construção correcta das frases e o reforço visual é constante.
Destina-se a crianças com défices auditivos, visuais, mentais, autistas, atrasos de desenvolvimento de linguagem, entre outros.Com o objectivo de que a criança adquira uma maior independência, haja um desenvolvimento da linguagem, uma interacção sócio-familiar melhorada e exista uma estimulação intelectual.

Sistema PIC (Pictogram Ideogram Communication): os “Pictogramas” são um sistema que foi concebido com o objectivo de possibilitar a comunicação e assim estimular e desenvolver as capacidades de percepção e conceptualização de pessoas impossibilitadas de comunicar oralmente.
Pode ser usado por crianças e jovens com atrasos acentuados no desenvolvimento intelectual, com dificuldades na fala e/ou com problemas a nível perceptivo.
Este método é composto por 400 símbolos que englobam mais de 400 conceitos.
Os símbolos graficamente são constituídos por figuras brancas, aperfeiçoadas, sobre um fundo preto, para reduzir as dificuldades de discriminação entre figura e fundo. Podem ser agrupadas por áreas de interesse, facilitando assim à criança a construção de frases.
Sistema PECS (Picture Exchange Communication System): forma um sistema de comunicação completo e foi originalmente desenhado para criar, rápida e economicamente, recursos consistentes de comunicação. Este é o método de comunicação mais utilizado com autistas, desde os primeiros anos de vida.

Foi originalmente desenvolvido para crianças do espectro autista em idade pré-escolar, mas actualmente é usado por crianças e adultos com perturbações do espectro do autismo e outros diagnósticos que apresentem dificuldades na fala e na comunicação.
Através deste método, a criança autista consegue desenvolver a fala, pois tenta responder a todas as necessidades e desejos, desde os mais básicos aos mais complexos. Os cartões com fotos de objectos que significam coisas que a criança necessite, como: “beber água”, “comer”, “ir ao banheiro” ou “brincar” fazem com que a criança comunique tudo aquilo que precisar naquele momento.

O PECS tem como objectivo ir ao encontro daquilo que atrai as crianças, como alimentos, bebidas, brinquedos, livros. Depois de se conhecerem as preferências da criança são feitas imagens desses objectos que, posteriormente, serão apresentadas e oferecidas a esta. Lentamente, é retirada a ajuda física para apanhar a imagem, para que a criança comece a desenvolver a iniciativa de iniciar a interacção, pegando na imagem e entregando-a ao terapeuta.
Progressivamente, o grau de dificuldade será aumentado, ao ponto do sistema ensinar a criança a criar enunciados simples a partir das imagens e de uma sequência de frases.


É fácil de ser aprendido e pode ser usado por terapeutas, pais e professores pois não requer materiais complexos nem um treino técnico. Não requer equipamento de alto custo daí ser uma ajuda tanto dentro da sala de aula, em casa como na comunidade.
Não existe limites para a sua utilização, apenas é necessária criatividade para que este método resulte com sucesso.


Sistema SPC (Símbolos Pictográficos para a Comunicação): constituído por desenhos a preto que representam substantivos, verbos e adjectivos. O fundo sobre o qual o símbolo é desenhado pode ser branco ou de outra cor. É normal o emprego de cores comuns aos vários géneros (substantivos, verbos e adjectivos).


O SPC é apropriado para ser utilizado, tanto por pessoas cujas necessidades comunicativas sejam equivalentes a um nível de linguagem simples (necessitando de um vocabulário limitado e de estruturar frases relativamente curtas) como por pessoas com níveis de linguagem mais elaborados (que necessitam de utilizar uma gama de vocabulário muito vasta, com possibilidades de estruturar frases de maior complexidade). Pode assim considerar-se como um sistema flexível que pode evoluir, ajustando-se às necessidades comunicativas do seu utilizador.

Sistema Rebus: constituído por 818 rébus ou logogrifos diferentes, estes podem ser simples ou complexos. O sistema simples faz uso de um pictograma para representar uma palavra ou parte dela, enquanto o sistema complexo combina pictogramas com letras, números, notas musicais, entre outros. Combinados podem representar mais de 2000 palavras.

Os Lexigramas: baseiam-se num conjunto de nove elementos que se podem combinar para dar lugar a diversas configurações, às quais se atribui interpretação. O objectivo é que os símbolos não sejam pictográficos. Como não existem significados estabelecidos, a interpretação dos símbolos é atribuída segundo as necessidades comunicativas de cada pessoa e do seu contexto.

O Sigsym: baseia-se tanto na semelhança iconográfica com o referente como na língua gestual. Há três tipos de signos: pictográficos, ideográficos e representações gráficas dos signos gestuais. É a utilização destes últimos, criados com base nas configurações dos signos gestuais, que constituem a característica original deste sistema em relação aos outros. O Sigsym é muito útil para as pessoas que usam signos gráficos e signos gestuais e, também, como uma possível linguagem escrita para pessoas que aprendem os signos gestuais.

Signos Tangíveis: são geralmente feitos em madeira ou plástico, podendo apresentar formas e texturas diferentes, permitindo assim discriminar as sensações tácteis que transmitem, como a forma, a textura e a consistência.

Objectos reais ou miniaturas de objectos idênticos, similares ou associados aos seus referentes, são exemplos de símbolos tangíveis. Algumas crianças podem beneficiar em ver e tocar a forma do signo. O sistema de comunicação tangível mais antigo e extenso foi criado por Premack (1971). As fichas Premack constituem um sistema de ensino para pessoas com deficiência mental ou autismo. São feitas de plástico ou de madeira e distinguem-se entre elas pelas suas formas. O que distingue estes signos dos outros é o facto de poderem ser manuseados e movimentados. As fichas são marcadas com códigos de cores que indicam a localização da palavra na frase. Assim, os artigos estão marcados a vermelho, os verbos a azul, os substantivos a cor-de-laranja. Além de aprenderem a usar fichas, as crianças aprendem também uma sintaxe simplificada, na qual os diferentes tipos de frases são construídos com diferentes sequências de cores.



Tecnologias de Apoio para a Comunicação
Recursos de Baixa Tecnologia
Pranchas de comunicação - As pranchas de comunicação podem ser construídas utilizando objectos, símbolos, letras, sílabas, palavras e frases ou números. As pranchas são personalizadas e devem considerar as possibilidades cognitivas, visuais e motoras do indivíduo. Podem estar soltas ou agrupadas em cadernos ou albuns. O indivíduo vai olhar, apontar ou ter a informação apontada pelo parceiro de comunicação.
Eye-gaze - pranchas de apontar através dos olhos. Podem ser dispostas sobre a mesa ou apoiada num suporte de plástico colocado na vertical. O indivíduo também pode apontar com o auxílio de uma lanterna com foco convergente, fixada ao lado da sua cabeça de forma a iluminar a resposta desejada.

Avental - é um avental confeccionado em tecido que facilita a fixação de símbolos ou letras em velcro. No avental, o parceiro de comunicação prende as letras ou as palavras e o indivíduo responde através do olhar.

Comunicador em forma de relógio - o comunicador é um recurso que fomenta a autonomia do indivíduo. O seu princípio é semelhante ao do relógio, só que é a pessoa que comanda o movimento do ponteiro apertando um accionador.  


Recursos de Alta Tecnologia
Comunicadores com voz gravada - são comunicadores onde as mensagens podem ser gravadas pelo parceiro de comunicação.

Comunicador com voz sintetizada - No comunicador com voz sintetizada, o texto é transformado eletronicamente em voz.

Computadores - Com o avanço da tecnologia têm surgido novos SAAC para as pessoas com necessidades especiais como o Comunique, o IntelliPics Studio, o OverlayMaker, o Escrita com Símbolos, o Boardmaker entre outros.



Quais são os sistemas de selecção?
Selecção directa - é o método mais rápido e pode ser feito através do apontar do dedo ou outra parte do corpo, com um ponteiro de cabeça ou com uma luz fixada à mesma.

Sistema de varrimento - exige que o indivíduo tenha uma resposta voluntária e consistente como piscar os olhos, balançar a cabeça, sorrir ou emitir um som para que possa sinalizar a sua resposta. Os sistemas de varrimento podem ser lineares, circulares, de linhas e colunas ou em blocos.


Sistema da codificação - permite a ampliação de significados a partir de um número limitado de símbolos e o aumento da velocidade. É uma técnica bastante eficiente para utilizadores com dificuldades motoras graves, mas exige um maior grau de abstracção.





Hidroterapia


A hidroterapia consiste na prática de exercícios terapêuticos, aplicados por um profissional de saúde da área da reabilitação, em piscina de água aquecida a cerca de 34ºC, de modo a que, com as propriedades da água, possam ser promovidos o relaxamento muscular, reduzindo a sensibilidade e dor.

A prática de exercícios na água permite ao indivíduo uma maior liberdade de movimentos, traduzindo-se numa actividade de reabilitação mais eficiente e mais rápida.


A criança autista é uma criança numa procura constante de auto-controlo. A água, aplicada ao corpo, opera nela modificações que atingem, em primeiro lugar, o sistema nervoso, o qual vai actuar sobre o sistema circulatório, proporcionando um aumento da vasodilatação e, consequentemente, um maior fluxo de sangue no corpo da criança. Isto faz com que a criança consiga relaxar mais facilmente, diminuindo assim a sua necessidade de se auto controlar.






Hipoterapia

A hipoterapia é um recurso terapêutico, rico em estímulos motores, sensoriais, emocionais e cognitivos. Utiliza-se o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar e transdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ ou com necessidades especiais.

A utilização do cavalo como instrumento terapêutico, proporciona um movimento tridimensional, variável, repetitivo, com ritmo e cadência no qual se pode graduar a intensidade e a quantidade de informações sensoriais ao paciente autista.

Na hipoterapia, o apoio físico é dado pelo cavalo através da sua massa corporal e o psicológico pelo terapeuta através do contacto físico, jogo de olhares, linguagem simples e tranquilizadora. O cavalo assume simbolicamente a função protectora que transmite calor, ritmo, balanceio e apoio.
Através de actividades diferenciadas como percursos, jogos e músicas realizadas dentro da sessão terapêutica, ocorre a descoberta do espaço e do potencial da criança devido à gama de informações transmitidas pelo animal face às diversas oscilações corporais e à tentativa constante da manutenção corporal (equilíbrio) em função da activação do sistema vestibular.

Deve observar-se que as crianças autistas têm uma forma diferenciada de se expressar e se comunicar, portanto, é imprescindível dar prioridade à forma de comunicação (evitar linguagem abstracta) a ser utilizada devido ao pensamento concreto que estes pacientes possuem.

Como resposta terapêutica os resultados são benéficos pois estes pacientes apresentam:
- Aumento da tolerância (menos irritadiços);
- Satisfação pessoal demonstrada através de sorrisos e risos:
- Melhoria da percepção corporal;
- Atenção, maior proximidade e contacto com o animal (condução e cuidados);
- Aceitação ao contacto físico e visual;
- Diminuição dos movimentos estereotipados, transformando-os em movimentos funcionais.








Bibliografia:
http://www.indianopolis.com.br/si/site/1145. Consultado a 29 de Dezembro de 2008, pelas 19.30h.





Terapia com cães

Os benefícios da terapia com cães são sobejamente conhecidos. Cada vez mais é usual recorrer-se a animais para ajudar crianças com deficiências, perturbações, etc. Os animais dão estímulo, carinho, e são ao mesmo tempo uma responsabilidade pois dependem de nós. Desta forma facilitam o aumento de sociabilidade, de autoconfiança, e têm efeitos muito benéficos.
O objectivo da terapia com cães é fornecer o benefício terapêutico a pessoas de todas as idades, com desafios físicos, emocionais ou mentais. A melhoria na qualidade de vida pode vir com o estímulo social aumentado, o estímulo táctil e a auto-estima melhorada, além do bem-estar físico.


Na Terapia com cães, o Terapeuta Ocupacional avalia as funções físicas, psicológicas e sociais do indivíduo, identifica as áreas de disfunção e envolve-o num programa de actividades estruturadas usando o cão como agente facilitador nesse processo, estimulando as funções neuropsicomotoras com o propósito de objectivar o processo interventivo a ser usado.
Facilitar e mediar a relação terapêutica, procurando a codificação e significado nas diferentes experiências com o cão, permitindo ao paciente aprender novas tarefas de forma eficiente é um dos objectivos. Além das possibilidades sensoriais (táctil, visual, auditiva, olfactiva), o sentido cinestésico (percepção do movimento no espaço), o sentido labiríntico (responsável pelo equilíbrio) que o cão oferece, inclui-se a prática de AVD’s (Actividades de Vida Diária), que faz com que o paciente desenvolva acções relacionadas com o cão como: alimentar, escovar o pêlo e manusear o animal. Com isso, as habilidades finas são trabalhadas de forma agradável e imperceptível pelo paciente. A interacção com o animal garante novas formas de socialização e auto-imagem, aquisição e integração da noção do esquema corporal. A interacção com o cão é provida de oportunidades para aumentar o potencial para a resposta adaptativa necessária para a organização dos conteúdos internos e externos.
O uso terapêutico da terapia com cães requer o conhecimento, planeamento e avaliação sistematizada do Terapeuta Ocupacional, de forma que se possa graduar as etapas onde o paciente é encorajado a praticar as fases da actividade relevante às suas necessidades. Assim, todo contexto terapêutico proporciona ao paciente a oportunidade de realizar frequentes modificações nas suas actividades e aprender a usar de forma adequada, os mais variados tipos de instrumentos visando a alcançar a autonomia.




Bibliografia:
-
http://www.svcpa.org/tfc/04_terapia%20ocupacional.htm. Consultado dia 8 de Janeiro pelas 16.07h.
-
http://www.tocao.pt/servicos/terapia.asp. Consultado dia 8 de Janeiro pelas 16.15h.





Delfinoterapia

Delfinoterapia – A Terapia Assistida com Golfinhos

A delfinoterapia ou terapia assistida por golfinhos é uma área cada vez mais explorada em alguns países, como a Austrália, Estados Unidos, Israel, México, Panamá, Espanha, entre outros. Em Portugal, pode recorrer a este tipo de Terapia no Estuário do Sado.

Os golfinhos são especialmente usados na intervenção em situações de paralisia cerebral, autismo, síndrome de Down, depressão e ansiedade, por estimularem a aprendizagem de respostas cognitivas, físicas ou afectivas mais adequadas. Também é possível trabalhar a motricidade grossa e fina, a linguagem, a autoconfiança, entre outros aspectos.
Estudos de investigação sobre a terapia assistida com golfinhos demonstraram que a interacção com estes animais tem um efeito relaxante e promove a auto-estima e auto-confiança em crianças com autismo, síndrome de Down, Anorexia, depressão, cancro e dificuldades de aprendizagem.
Segundo um estudo científico, os golfinhos aumentam as suas vocalizações durante a interacção com pessoas, sugerindo que as interacções com golfinhos providenciam um tratamento efectivo para os problemas de saúde humana. No entanto, nem todos os resultados estão devidamente fundamentados em termos científicos.
O sucesso desta terapia está relacionado com as características dos golfinhos:
- Constituem um importante elemento motivacional para o tratamento;
- O seu sonar natural (ecolocalização) tem um elevado poder terapêutico, pois permite-lhes identificar condições físicas anómalas e provocar melhorias neurofisiológicas nos pacientes;
- A sua extraordinária capacidade de emissão de sons parece estimular o sistema imunológico, produzir mudanças nas ondas cerebrais e interferir no metabolismo celular.
- A grande vantagem da terapia com golfinhos é que estes animais conseguem comunicar com as crianças com autismo, mesmo que estas não sejam capazes de reagir ao discurso, aos sinais e outras tentativas de comunicação do exterior.
Muitos pais de crianças autistas relataram grandes progressos depois de os seus filhos terem contactado com golfinhos na água:

"I compare my son’s first dolphin therapy with a door, which opened for him, to our world. The dolphins have managed that our son has come closer to us. I will never forget how Lukas after the last day of therapy kissed my hand in the car on the way to the hotel – exactly the way the dolphins do. He laughed, looked into my eyes and the door was open. From this point on everything was easier. My son’s development accelerated and his understanding for us improved from day to day.” (Excerpt from the Book “The Gift of the Dolphins” P.206 from Kirsten Kuhnert)


A primeira terapia com golfinhos do meu filho foi como uma porta que se abriu, para ele e para o nosso mundo. O contacto com golfinhos permitiu que o nosso filho se aproximasse de nós. Nunca vou esquecer como o Lucas me beijou a mão depois do último dia de terapia – tal como os golfinhos. Ele riu, olhou-me nos olhos e a porta abriu-se. A partir deste momento tudo se tornou mais fácil. O desenvolvimento do meu filho acelerou e a sua compreensão melhorou de dia para dia. (Excerto do livro “The Gift of the Dolphins” p.206 da autora Kirsten Kuhnert)

Contudo, nem todos os pacientes reagem da mesma forma a esta terapia, dependendo do seu estado físico, mental e ainda do envolvimento familiar. Além disso, é preciso ter em consideração que se a criança tem medo e reage negativamente ao contacto com golfinhos, não se deve forçar e o mais apropriado será procurar outra forma de intervenção.




ABA

ABA – Applied Behavior Analysis

O Modelo Applied Behavior Analysis (Análise Aplicada do Comportamento), também conhecido por ABA, pode aumentar, diminuir, melhorar, criar ou eliminar comportamentos previamente observados e identificados segundo critérios de funcionalidade para um determinado indivíduo em relação ao seu ambiente. A habilidade que ainda não faz parte do repertório da criança é ensinada por etapas, iniciando-se com uma instrução ou indicação do terapeuta. A toda resposta correcta dada pela criança, é-lhe oferecido algo agradável, que funciona como um reforçador positivo. Sendo utilizado de forma consistente, este reforçador adquire capacidade de fazer com que a criança repita o mesmo comportamento em busca deste. Com o tempo, o reforço deve ser administrado de forma intermitente, passando este comportamento a fazer parte do repertório da criança sem a necessidade do reforço contínuo do mesmo (Mello, 2003).

As condutas negativas e mesmo disfuncionais apresentadas pela criança não devem ser reforçadas, podendo ser ignoradas, corrigidas ou redireccionadas, buscando-se alternativas de comportamentos funcionais dentro do ambiente social em que a criança vive.

É um método de longa duração e que, portanto, tem alto custo económico, mas que através de treino e instrução, pais e demais pessoas que convivem com a criança autista podem aprender e utilizar, sendo eles mesmos terapeutas auxiliando na aquisição dos comportamentos funcionais à conduta da criança como um todo.





Bibliografia:
http://www.psicologiavirtual.com.br/psicologia/principal/conteudo.asp?id=4121. Consultado dia 10 de Janeiro pelas 10:30h.

TEACCH

TEACCH - Tratamento e Educação para Crianças Autistas e com Distúrbios Correlatados da Comunicação.

TEACCH foi desenvolvido nos anos 60 no Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade da Carolina do Norte, Estados Unidos, e hoje é utilizado em várias partes do mundo. Este foi desenvolvido pelo Dr. Eric Schoppler, e actualmente, tem como responsável o Dr. Gary Mesibov.

TEACCH é individualizado centrando-se na criança, e tendo em conta os seus interesses e necessidades. Este recorre a uma avaliação chamada PEPR (Perfil Psicoeducacional Revisado). O TEACCH baseia-se na organização do ambiente físico ao estabelecer rotinas através da utilização de quadros, agendas e sistemas de trabalho, assim, o ambiente é adaptado de forma a tornar mais fácil a sua compreensão por parte da criança. Este método, ao estabelecer tarefas e ao organizar o ambiente, tem como objectivo desenvolver na criança uma independência funcional, que lhe permita passar grande parte do seu tempo ocupando-se de forma independente. De salientar ainda, que este método também tem em conta a família sendo a participação dos pais vital para desenvolver habilidades de comunicação, socialização e lazer.

Uma das críticas ao TEACCH está relacionada à sua utilização em crianças de alto nível de funcionamento, sendo por vezes acusado de “robotizar” as crianças devido às rotinas estabelecidas. No entanto, na prática, este método tem vindo a provar o contrário, apresentando resultados muito positivos.

Em baixo, pode ver algumas fotografias de aplicação do TEACCH.






Bibliografia

Gikovate, C. (s.d.). Método TEACCH para pais. Consultado no dia 12 de Janeiro de 2009, em http://www.carlagikovate.com.br/index_arquivos/Page790.htm

Urbanski, L. (2008). O Método TEACCH - Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children. Consultado no dia 12 de Janeiro de 2009, em http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/articles/article.php?id=270