Com isto, o pensamento vigente passou a ser a detecção precoce da doença, que tem como objectivo impedir que os seus sintomas se tornem irreversíveis ou mais difíceis de serem tratados. Do mesmo modo, ao longo das décadas, a intervenção junto de crianças autistas passou a focar o início da perturbação, antes que os seus prejuízos iniciais causassem maiores dificuldades, o que é muito mais complicado de ser tratado posteriormente. Desta forma, as intervenções actuais sobre a perturbação do espectro autista procuram, após a identificação dos da presença dos sinais de alarme, criar estratégias de intervenções que possam actuar, o mais precocemente possível, sobre estes sintomas.
Algumas destas intervenções, que estão a ser desenvolvidas noutros países utilizam a abordagem desenvolvimentista procurando actuar assim que as dificuldades iniciais são identificadas, no curso do desenvolvimento da criança autista, analisando o que o difere do curso do desenvolvimento típico para tentar aproximá-lo, o mais que puder deste último. Logo, a sua proposta é tentar retomar o processo do desenvolvimento típico que a criança autista não pôde percorrer devido às suas dificuldades na interacção e comunicação inicial.
Além disso, devido à plasticidade neuronal, que permite um maior rearranjo das ligações sinápticas e funcionamento cerebral, Dawson & Zanolli (2003) acreditam que, como a perturbação autista está associada a prejuízos nos sistemas cerebrais surgidos muito cedo na vida destas crianças, as intervenções precoces, por causarem transformações nas sinapses neuronais do cérebro, que ainda se encontram bastante flexíveis devido à pouca idade destas crianças, podem ajudá-las a exibirem uma actividade mais normal do mesmo.
Deste modo, um dos princípios fundamentais desta abordagem é acreditar que as interacções sociais recíprocas são fundamentais para todo o desenvolvimento infantil, e se elas estão prejudicadas nas Perturbações do Espectro Autista, devem ser trabalhadas para um bom prognóstico do quadro. Afinal de contas, dentro de um contexto de isolamento e privação de estímulos, as crianças autistas aumentam a sua sintomatologia, ao passo que, se for possível estimulá-las, pode ser que se consiga um abrandamento de seus sintomas, permitindo a estas crianças um espaço e uma oportunidade para se desenvolverem.
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