Definição

O Autismo, às vezes chamado “autismo clássico”, é a perturbação mais comum dentro de um grupo de alterações do desenvolvimento, conhecidas como Perturbações do Espectro Autista. Para o diagnóstico dos casos de autismo são tidas em consideração três áreas conhecidas no seu conjunto por “Tríade de Wing”:


Outras perturbações do Espectro Autista incluem:

- Perturbação de Asperger
- Perturbação de Rett
- Perturbação Desintegrativa da Segunda Infância
- Perturbação Pervasiva do Desenvolvimento Sem Outra Especificação

Todas estas perturbações possuem aspectos comuns; no entanto, algumas características diferem de perturbação para perturbação tanto a nível de intensidade como na presença/ausência das mesmas.




Características

Ninguém melhor que a própria criança para descrever as suas características! Conheça-as:









Desenvolvimento da Criança dos 6 aos 12 anos

Quando se fala em crianças com autismo, na forma de actuar perante elas, é sempre necessário ter em mente que, a par de todas as características que ela possa apresentar, é necessário saber quais das caraterísticas se devem reforçar, e quais aquelas que devem ser diminuidas, ou até mesmo eliminadas.

Para isto, nada melhor do que estarmos a par de todo o desenvolvimento esperado por uma criança da mesma idade.

A apresentação seguinte, retrata o desenvolvimento que, normalmente, se espera de uma criança entre os 6 e os 12 anos.

Descubra as diferenças, encontre as semelhanças; reforce as parecenças, diminua as desigualdades...





Etiologia

Para todos os princípios de tratamento, é necessário saber-se a etiologia da patologia, para que, sabendo a causa, se possa determinar a área que necessita de intervenção.

Em baixo, é apresentado um slideshow com as causas das Perturbações do Espectro Autista.

Percorra-o, e fique a saber um pouco mais sobre as causas das PEA...


Diagnóstico

Diagnóstico

Os pais são os primeiros a notar algo diferente nas crianças com autismo. Desde o nascimento, o bébé pode mostrar-se indiferente à estimulção por pessoas ou objectos, centrando a sua atenção em determinados pormenores. Por outro lado, certas crianças começam com um desenvolvimento normal nos primeiros meses, mas de repente, este transforma-se num comportamento isolado. Contudo, podem passar-se anos para que a família perceba que há algo errado. Nessas situações, os familiares e amigos, costumam reforçar a ideia de que não há nada de errado, pois cada criança tem o seu próprio “jeito”.

Infelizmente, isso atrasa o início de uma educação especial, pois quanto antes se inicia o tratamento, melhor é o resultado. A importância do diagnóstico precoce é notória e deve ser realizado por uma equipa transdisciplinar que envolva todos os elementos que interagem com a criança (pais, técnicos de saúde e educação).

Não há testes laboratoriais ou de imagem que possam diagnosticar o autismo. Assim, o diagnóstico deve ser feito clinicamente através da anamnese (entrevista clínica) e histórico do paciente.

Critérios de Diagnóstico

As informações a seguir servem apenas como referência. O diagnóstico exacto é o primeiro passo importante em qualquer situação. Este pode ser feito apenas por um profissional qualificado que esteja integrado relativamente ao historial do indivíduo.





Diagnóstico Diferencial

O conjunto de caracteristicas que diferenciam o autismo de outras patologias, bem como os seus limites, permitem determinar a identidade da perturbação. Assim, de acordo com a APA (Associação Americana de Psicologia, 2002), o diagnóstico diferencial de Perturbações Autísticas (DSM - IV) deve-se estabelecer com as seguintes perturbações:

- Perturbação de Rett
- Perturbação Desintegrativa da Segunda Infância
- Perturbação de Asperger
- Esquizofenia
- Mutismo Selectivo
- Perturbação da Linguagem Expressiva
- Deficiência Mental
- Perturbação dos Movimentos Esteriotipados



O Diagnóstico Diferencial torna-se importante, uma vez que, algumas das perturbações só podem ser identificadas por este método.




Co-morbilidades

Co-morbilidade designa a ocorrência, em simultâneo, de uma ou mais disfunções no mesmo indivíduo.

Alguns autistas possuem mais do que uma patologia ao mesmo tempo.

Fique a saber algumas das co-morbilidades associadas ao autismo...

Sinais de Alarme

Um diagnóstico seguro de Autismo é geralmente feito pelos 3 anos de idade. Aos 18 meses já é possível detectar nestas crianças um conjunto de características, cuja presença é um indicador bastante seguro de perturbação autística.
O vídeo seguinte apresenta os sinais de alarme:

O Terapeuta Ocupacional

O terapeuta ocupacional habilita para a ocupação de forma a promover a saúde e bem-estar. Com este objectivo, actua, em parceria, com pessoas e organizações para optimizar a actividade e participação. Este promove a capacidade da pessoa desempenhar, de forma satisfatória para o próprio, as ocupações que para si são significativas.

Estuda os factores que influenciam a ocupação humana, intervindo com crianças, adolescentes, adultos e idosos com patologia diversa que comprometa ou coloque em risco um desempenho ocupacional satisfatório e consequentemente, a sua actividade e participação.

Na sua abordagem avalia e intervém a três níveis: na pessoa, na ocupação e no ambiente.

O terapeuta ocupacional desenvolve actividades em instituições de prestação de cuidados de saúde, tanto públicas como privadas, tais como hospitais, centros de saúde e centros especializados, nomeadamente de reabilitação; em instituições de educação, tais como centros de ensino especial, jardins-de-infância, centros de actividades ocupacionais e residências e em instituições particulares de solidariedade social; em lares de 3ª idade, na comunidade, com vista à preparação para a vida activa bem como em centros de investigação de ensino.




Terapia Ocupacional no Autismo

A terapia ocupacional pode beneficiar a pessoa autista desenvolvendo a qualidade de vida da mesma como indivíduo. O objectivo é introduzir, desenvolver e manter habilidades que permitam ao indivíduo participar o mais independentemente possível nas actividades da vida diária que este considera significativas. Desenvolver a aprendizagem com as habilidades motora fina, habilidades de interacção, habilidades de auto-cuidado e a socialização são os pontos alvos que devem ser atingidos.

Com os métodos da terapia ocupacional, a pessoa com autismo pode ser ajudada tanto em casa como na escola, onde lhe são ensinadas actividades como vestir, alimentar-se, ir ao quarto de banho adequadamente e arranjar-se. É também auxiliada no desenvolvimento da coordenação motora grossa e fina e na coordenação visual, necessária para se aprender a ler e fazer actividades manuais. A terapia ocupacional faz parte de um esforço colaborativo de médicos e educadores, assim como dos pais e outros membros familiares. Com esse tipo de tratamento, a pessoa com autismo pode se mover adequadamente na vida social com toda a desenvoltura necessária nas actividades de vida diária.



Os objectivos da Terapia Ocupacional no tratamento de crianças autistas passam por:










Enquadramento da Prática da Terapia Ocupacional

EPTO -Enquadramento da Prática da Terapia Ocupacional

O EPTO é um instrumento de avaliação, unicamente utilizado por terapeutas ocupacionais, com o objectivo de constituir um "guia" de intervenção.



Áreas da Ocupação

É necessário verificar quais as áreas da ocupação da criança autista e aquelas que lhe causam problemas.

Uma criança com autismo, assim como qualquer outra criança, está envolvida em diferentes áreas ocupacionais:



No entanto, e devido às suas características (ver características), uma criança autista está mais propensa a um défice no desempenho de cada uma destas áreas, sendo as AVDI’s e as áreas da educação, do brincar, do lazer e da participação as mais afectadas.

Um bom desempenho destas áreas requer aspectos como a interacção da criança com o meio, a expressão de interesses, sentimentos e comportamentos sociais. Contudo, as crianças autistas têm dificuldades ao nível do relacionamento e comunicação com as outras pessoas, daí o facto do desempenho nestas áreas ocupacionais ser deficiente.


Competências de Desempenho
Analisar o que a criança já faz e aquilo que ainda não consegue fazer é um exercício essencial para que, posteriormente, possa ser criado um plano de intervenção que vise a utilização dos seus pontos fortes como forma de contornar os pontos negativos, com o objectivo de os melhorar.
As competências de desempenho dividem-se em: competências motoras, competências de processo e competências de comunicação/interacção.

A criança autista tem sempre as competências de desempenho afectadas, mas a sua prevalência numa determinada área ou noutra é muito variável, consoante os diferentes níveis de autismo. No entanto, as competências que mais necessitam de um melhoramento são as competências de processo e as comunicação/interacção, pois uma das características principais do autismo é o seu comportamento social.

As competências de processo envolvem todo um conjunto de acções necessárias para satisfazer uma tarefa diária. Neste tipo de competências, é avaliado como inicia, sequencia e termina uma tarefa; se presta atenção á actividade; a maneira como escolhe, utiliza, manuseia, organiza e arruma os materiais; e a forma como se adapta caso ocorra algum erro no desempenho da tarefa.
Por exemplo, através de jogos de construção (legos ou puzzles, por exemplo) podemos avaliar este tipo de competências. Para desempenhar estas actividades com sucesso, o terapeuta ocupacional avalia a forma como inicia e sequencia a construção de jogo, como organiza e manuseia as peças do jogo, como reage caso algo corra mal, como interpreta as indicações do terapeuta e se consegue prestar atenção durante toda a actividade.

As competências de comunicação/interacção são aquelas relativas á interacção que a criança demonstra perante o meio, á troca de informação e á forma como se relaciona com os outros. Através da actividade descrita no parágrafo anterior, o terapeuta ocupacional pode avaliar estas componentes interagindo com a criança durante a actividade (Ex: A criança coloca um cubo numa plataforma e o terapeuta coloca outra a seguir). Também é pertinente observar o contacto ocular, a gesticulação, o posicionamento e orientação do seu corpo durante uma actividade.

Padrões de Desempenho
Outro dos aspectos relacionados com o envolvimento nas ocupações que os terapeutas ocupacionais analisam são os padrões de desempenho. Num indivíduo autista, estes têm um papel preponderante, visto que outra das suas características principais é a clareza dos hábitos e rotinas, o que significa que fazem tudo da mesma maneira, todos os dias. São inflexíveis a alterações das suas rotinas, uma vez que perdem o controlo de situações novas.
Portanto, é necessário obter conhecimento sobre os seus hábitos e rotinas do dia-a-dia pois interferem de forma decisiva no desempenho das áreas de ocupação..

Contextos e os seus Requisitos de Avaliação

É competência de um terapeuta ocupacional reconhecer que o envolvimento em ocupações por parte da criança autista depende dos contextos em que ela se insere. Quando o terapeuta ocupacional tenta entender as competências e os padrões de desempenho, considera sempre os contextos específicos que rodeiam o desempenho do indivíduo.

As ocupações da vida de uma criança ocorrem essencialmente em dois contextos fundamentais: casa e escola. E a criança autista não é excepção.

Tanto na escola como em casa, é importante avaliar o espaço físico onde a criança está inserida. Espaços amplos, com os materiais organizados e arrumados, uma boa iluminação e ausentes de ausência de possíveis ruídos que perturbem a sua atenção são exemplos de características que influenciam o desempenho da criança autista.

As crianças com autismo apresentam dificuldades em filtrar e descartar informações sensoriais, o que pode levar a possíveis distracções por vários sons, imagens, texturas e cheiros. A simplificação do ambiente sensorial da criança é uma forma de ela focar melhor as interacções sociais e treinar novas competências.




CIF

CIF - Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

A CIF é um método de avaliação que pertence à classificação internacional desenvolvida pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Estas classificações proporcionam um sistema que inclui uma vasta informação sobre saúde, utilizando uma linguagem universal, permitindo a comunicação entre várias disciplinas e ciências em todo o mundo. O principal objectivo da CIF é estabelecer o perfil de funcionalidade do indivíduo, identificando todas as competências funcionais e limitações deste. Assim, a CIF completa o CID-10 que fornece informação com base etiológica.

Organização da CIF




Planificação da Avaliação

A avaliação é realizada por uma equipa pluridisciplinar e envolve três fases distintas:

- Recolha de informação pertinente;
- Análise conjunta da informação;
- Tomada de decisão.

Esta equipa pluridisciplinar pode ser constituída por docentes do departamento de Educação Especial, professores de turma ou disciplina, elementos do serviço técnico-pedagógico de apoio aos alunos e profissionais de saúde como terapeutas ocupacionais, psicólogos, fisioterapeuta, pedopsiquiatra e terapeuta da fala. Os pais ou encarregados de educação também fazem parte destas equipas tendo um papel muito importante no processo de avaliação e intervenção.


CIF – Crianças e Jovens

Recentemente foi desenvolvida uma classificação internacional de funcionalidade, incapacidade e saúde dirigida para crianças e jovens (CIF-CJ) uma vez que as crianças e jovens têm formas de funcionamento diferentes dos adultos pois apresentam ambientes e áreas de participação diferentes. Esta classificação visa documentar o perfil intra-individual da criança na saúde e funcionalidade classificando-o através do CID e o CIF em conjunto e permite gerar planos de intervenção ou tratamento. No entanto, a CIF-CJ ainda não tem sido muito utilizada em Portugal, mas começa a ter aplicações.




Check Lists



Childhood Autism Rating Scale (CARS):

Consiste em 15 questões de diferentes áreas apropriadas para crianças com mais de 24 meses de idade. As questões centram-se nos três aspectos fulcrais do autismo e são classificadas numa escala de 7 pontos para cada um dos itens, do normal à anomalia severa do comportamento, nos quais os resultados dependem das características pessoais da criança e dividem-se em três categorias: não autismo, autismo moderado e autismo severo (Lippi, 2005; Marques, 1998; Pereira, 1996).

Checklist for Autism in Toddlers (CHAT):

Tem duas secções, a primeira é uma escala de 9 questões sim/não para pais, e 5 itens de observação que são preenchidos pelo médico. É aplicado a crianças de cerca de 18 meses com elevado risco genético, pois permite um diagnóstico precoce deste tipo de perturbações (Golse, Haag &Bullinger, 2000; Gillberg, Merdin, Ehlers, 1996; Lippi, 2005; Pereira, 1996). Tem como itens: o jogo intencional, apontar prodeclarativo (usar o apontar apenas para obter aquilo que pretende, sem intenção de mostrar ou partilhar algo de interessante), atenção partilhada, interesse social, jogo social.
Parece não ser apropriado ao espectro mais amplo das PEA.

Autism Behaviour Checklist (ABC):

Tem como objectivo diferenciar crianças autistas de outras com deficiência mental severa, cegas-surdas e com perturbações emocionais (Marques, 1998; Lippi, 2005).
Consiste em 57 descrições de comportamento, subdivididas em 5 áreas sintomáticas: sensorial, interacção, uso de objectos e conhecimento corporal, linguagem e sociabilidade.
A análise tem como suporte 1049 checklists de indivíduos autistas dos 18 meses aos 35 anos (Marques, 1998).

Autism Diagnostic Interview (ADI):

É a mais adequada para a confirmação do diagnóstico clínico inicial do autismo (Lord, 1994).
É composta por um questionário dirigido aos pais que fornece um quadro detalhado do desenvolvimento em três áreas: linguagem e comunicação, desenvolvimento social e jogo (Lippi, 2005).

Gilliam Autism Rating Scale (Gars):

Esta escala permite identificar e diagnosticar o autismo, fornecendo uma classificação quantitativa e qualitativa quanto à probabilidade do sujeito ser autista. Também pode ser utilizada na avaliação de problemas comportamentais graves. Inclui quatro subtestes: comportamentos estereotípicos, comunicação, interacção social e problemas de desenvolvimento.

Autism Diagnostic Observation Schedule – Generic (ADOS-G):

É um teste de observação usado para identificar comportamentos sociais e de comunicação atrasados. É constituído por 4 módulos diferentes, graduados de acordo com o nível da linguagem e do desenvolvimento.





TPBA

TPBA – Avaliação Transdisciplinar Baseada no Jogo



O modelo TPBA foca-se no que a criança mais gosta de fazer - o brincar e as actividades mais significativas. Esta avaliação deve ser realizada por uma equipa que vai trabalhar no sentido de um esforço cooperativo. É necessário envolver os pais e os educadores da criança. As vantagens são inúmeras para todos os intervenientes. Para a criança, a situação torna-se muito mais divertida e para os pais, o processo tem muito mais significado e torna-se menos frustrante.

Assim, a avaliação baseada no brincar envolve a criança nas situações de jogo estruturadas, ou não, pelos pais ou profissionais. A criança é observada durante um determinado período de tempo a brincar com um facilitador que pode ser um profissional da equipa ou um dos pais. O facilitador deve comentar a acção da criança, modular os estímulos, usar tempos de espera, introduzir o turn-taking, promover a interacção social, provocar acontecimentos interessantes, ajudar a criança a criar estratégias para resolver problemas e equilibrar a experimentação, demonstração e orientação.





Relatório do T.O.

Mas afinal o que é importante referir no relatório do Terapeuta Ocupacional?


Para finalizar o processo de avaliação da criança, tendo como base o Enquadramento da Prática da Terapia Ocupacional (EPTO) e a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), o Terapeuta Ocupacional constrói o seu relatório de avaliação.



O Terapeuta Ocupacional deve incluir no seu relatório o perfil ocupacional da criança, o qual descreve a sua situação familiar e médica e identifica as suas necessidades e os seus problemas e as preocupações dos pais relativamente às suas ocupações e desempenho nas actividades que são mais significativas para a criança. Após a análise do desempenho da criança, pela observação do seu brincar em contexto, onde são observadas as competências motoras (relacionadas com o movimento e interacção com a tarefa, objectos e ambiente da criança), as competências de processo (utilizadas na gestão e modificação de acções necessárias para realizar a uma tarefa da vida diária) e as competências de comunicação/interacção (requeridas para a transmissão de intenções e necessidades e coordenação do comportamento social para interagir com as pessoas), o terapeuta é capaz de identificar o que suporta e o que inibe o desempenho da criança. Assim, é importante identificar as suas limitações e de que forma vão comprometer o desempenho significativo desta.

Após a identificação das capacidades de desempenho da criança, ou seja, os seus pontos fortes, e das suas limitações, o relatório deve conter as recomendações de intervenção pelo terapeuta ocupacional para trabalhar com a criança. As recomendações são elaboradas de forma a trabalhar as incapacidades da criança, a partir das competências que esta apresenta. Pelo que já capaz de desempenhar, a criança estará pronta para realizar novas actividades.

A elaboração deste relatório de avaliação é essencial para a fundamentação e planeamento do processo de intervenção pelo terapeuta ocupacional.



EPTO : ESTS-IPP: Departamento de Avaliação e Intervenção Terapêutica, Enquadramento da Prática da Terapia Ocupacional: Domínio e Processo, 2002

CIF: Organização Mundial da Saúde (2004). Manual da Classificação Internacional da Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. Lisboa: Direcção-Geral da Saúde.


Relation Play

Relation Play – Do movimento para o desenvolvimento


As Perturbações do Espectro Autista apresentam grandes défices nas competências da comunicação e da interacção social. Com efeito, as crianças com esta patologia sentem-se incapazes de se relacionar com as pessoas que as rodeiam, pois não compreendem a sua forma de pensar e sentir. Além disso, é característica comum a reacção aversiva ao toque.

Tendo por base a análise do movimento de Rudolf Laban, Verónica Sherborne idealizou o Relation Play como forma de promover o desenvolvimento global da criança com dificuldades de aprendizagem, considerando o relacionamento consigo própria e com o outro essenciais para uma progressão satisfatória.

O jogo da relação é feito através de uma sequência de movimentos corporais, que, experienciados em cooperação com o outro, promovem a consciência do eu e a consciência do outro, indispensáveis para a comunicação efectiva entre ambos. São movimentos livres, no chão e no espaço, não há certo nem errado e nenhuma concorrência, todos são bem sucedidos à sua maneira. A linguagem corporal, a mímica, as expressões faciais, o toque e o contacto ocular estão constantemente presentes.

Sherborne desenvolveu três tipos de movimento, que mimetizam a forma como nos relacionamos:

- "com”- movimentos a dois, em que o parceiro activo contém e suporta o outro, parceiro passivo;
- “partilhado” – movimentos interdependentes, em que os dois parceiros se suportam mutuamente e cooperam de forma igual;
- “contra”- movimentos direccionados contra o parceiro, que focam a energia corporal e testam a força e estabilidade.

A apresentação seguinte mostra algumas fotografias de sessões de Relation Play e algumas das técnicas utilizadas neste tipo de intervenção:




Os movimentos são simples e baseiam-se na forma natural da pessoa se movimentar, para que a criança se identifique com eles. Na prática, o terapeuta molda o tipo de interacção, o seu ritmo e intensidade às reacções da criança, que tem a liberdade de expressar o que lhe agrada.

A criança concentra-se nas sensações físicas inerentes ao movimento, o que torna mais fácil compreender a posição do seu corpo no espaço, a posição das partes do corpo umas em relação às outras, e a sua funcionalidade. Esta consciência permitir-lhe-á adaptar as suas respostas motoras na realização dos exercícios, contribuindo para aumentar a auto-estima e a auto-confiança.

A relação que se estabelece deve ter por base a aceitação e o respeito mútuos, para que progressivamente a criança ganhe confiança no terapeuta e o inclua no seu mundo. O terapeuta começa pelos exercícios mais simples, aumentando progressivamente o nível de dificuldade à medida que a criança se sente mais segura.

Esta técnica, devido ao seu poder terapêutico e educativo, é utilizada por variados profissionais, tais como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, terapeutas da fala, educadores do ensino especial e professores de educação física.

Os professores, pais e irmãos podem aprender alguns exercícios para realizarem com a criança, na escola e em casa, pois a prática intensiva e continuada é fundamental para que a criança consiga desenvolver o seu potencial.

Actualmente, esta abordagem abrange pessoas de todas as idades e com qualquer tipo de necessidades especiais, contudo estes exercícios são particularmente importantes para aquelas que têm dificuldades em relacionar-se com o seu próprio corpo e com os outros, tendo sido aplicados à síndrome de Down, ao atraso mental e ao autismo.





Floor Time

Floortime (traduzido à letra: “tempo no chão”) é um método de tratamento que tem em consideração a filosofia de interagir com uma criança autista. É baseado na premissa de que a criança pode melhorar e construir um grande círculo de interesses e de interacção com um adulto que vá de encontro à criança, tendo em conta o seu estágio actual de desenvolvimento e que o ajuda a descobrir e aumentar a sua força e auto-estima.

A meta no Floortime é desenvolver a criança dentro de 6 aspectos básicos para a plenitude do desenvolvimento emocional e intelectual do indivíduo:

1. Noção do próprio eu;
2. Interesse no mundo;
3. Intimidade ou um amor especial para a relação humana;
4. A comunicação em duas vias (interacção);
5. A comunicação complexa;
6. As ideias emocionais e o pensamento emocional.

No Floortime, os pais entram numa brincadeira que a criança goste ou se interesse e em que esta própria lidera. A brincadeira é realizada no chão, para que, estando ao seu nível, possa ser facilitada a criação de interacção, ligação e contacto visual entre ambos. A partir dessa ligação mútua, os pais ou o adulto envolvido na terapia, são instruídos em como mover a criança para actividades de interacção mais complexas. O Floortime não separa ou foca as diferentes habilidades da fala, habilidades motoras ou cognitivas, mas guia essas habilidades, enfatizando o desenvolvimento emocional.

Em baixo, pode visualizar algumas fotografias de sessões do Floor Time. Fique a conhecer um pouco desta realidade...








Modelo de Neurodesenvolvimento

O modelo do Neurodesenvolvimento é um modelo de delineação utilizado pelos terapeutas ocupacionais que se fundamenta em princípios neurofisiológicos e do desenvolvimento e que tem como principal objectivo a normalização e integração dos processos biológicos. Assim, este modelo é indicado para crianças com limitações motoras originadas por lesões e disfunções cerebrais.


Para além de facilitar a mudança da organização sensório-motora do sistema nervoso, este modelo também promove um comportamento voluntário da criança adequado ao ser fornecido um input sensorial centrado na sequência do desenvolvimento.


Existe uma grande variedade de abordagens que se inserem no modelo do Neurodesenvolvimento, nomeadamente, a Integração Sensorial, a Estimulação sensorial (relacionada com Snoezelen), a Abordagem de Bobath, a Abordagem da Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (PNF), a Abordagem de Rood, a Educação condutiva, e a Adaptação espácio-temporal.

Integração Sensorial e Snoezelen

Integração Sensorial é uma teoria sobre as relações do cérebro com o comportamento, proposta por A. Jean Ayres, em 1970.

O cérebro é a parte mais complexa do corpo humano. A ele estão incumbidas tarefas como a recepção e percepção dos estímulos exteriores, recebidos dos meios físico e social. É através dos estímulos que a criança aprende a movimentar-se, equilibrar-se e relacionar-se com o mundo envolvente. O cérebro organiza, portanto, toda a informação recebida de modo a poder possibilitar uma resposta o mais adaptativa possível. Ele depende da informação que recebe do ambiente através dos sistemas sensoriais: visão, audição, tacto, olfacto e paladar. Além disso, precisa ainda de informação sobre a gravidade e movimento. Todas estas informações são reunidas e organizadas segundo um plano de acção. A este plano de acção que o cérebro dá à informação sensorial dá-se o nome de Integração Sensorial. Contudo, nem sempre o plano de acção que o cérebro elabora é o mais correcto. Por vezes, distúrbios na recepção e organização das informações sensoriais recebidas sobre o mundo vão afectar o desempenho das diferentes áreas em que a criança se encontra inserida. O facto de a criança não receber as informações sensoriais de forma correcta e concisa intefere com o seu processo de aprendizagem. Quando isto ocorre, diz-se que a criança possui uma dificuldade no processamento sensorial.

É nisto que a aplicabilidade da Integração Sensorial se baseia quando se associa às crianças autistas.

A criança autista é uma criança com défices no processamento da informação e modulação sensoriais, as quais lhe acarretam consequências emocionais e frequentemente levam a um défice na adaptação social, dificuldades na interacção com os outros, assim como dificuldades em interpretar as reacções emocionais (Greenspan & Greenspan, 1989).

O tratamento realizado pelos terapeutas ocupacionais, à luz da Integração Sensorial é sempre feito através da estimulação das diferentes modalidades sensoriais: estimulação vestibular, proprioceptiva, táctil e sinestésica.

Uma das formas de se aplicar a Integração Sensorial é através do recurso às salas de Snoezelen. O seguinte vídeo retrata um pouco da realidade desta técnica.



Perfil Sensorial

Existem inúmeros relatos de clínicos, pais e pessoas com autismo que referem a manifestação de comportamentos atípicos por parte das crianças autistas quando contactam com estímulos visuais, sons, cheiros ou texturas aparentemente inócuos, seja uma atenção invulgarmente intensa a determinadas sensações, ou uma ansiedade desconcertante que despoleta uma birra, como um alheamento completo ao que as rodeia. Estudos realizados concluíram que as crianças com autismo costumam funcionar em limiares neurológicos extremos, ou seja, são hipo e/ou hiper-reactivas aos estímulos.

Sendo assim, as crianças com autismo podem ser agudamente sensíveis a sons (ex. tapar os ouvidos ao ouvir um cão latir ou o barulho de um aspirador de pó). Outras podem parecer ausentes perante ruídos fortes ou pessoas que as chamam, mas ficam fascinadas pelo som de um papel a ser amarrotado. Luzes brilhantes podem causar stress, ainda que algumas crianças sejam fascinadas pela estimulação luminosa (ex. mover um objecto para a frente e para trás em frente dos seus olhos). Muitas crianças são fascinadas por certos estímulos sensoriais, tais como objectos que giram, enquanto algumas têm prazer com sensações vestibulares, como rodopiar, realizando esta acção sem, aparentemente, ficarem tontas.

Com base nos seus estudos sobre o modo como as pessoas processam a variedade de sensações a que estão continuamente expostas, Winnie Dunn construiu um modelo explicativo do processamento sensorial que descreve a interacção entre a neurociência e o comportamento das pessoas. Além de podermos compreender melhor as desordens sensoriais das crianças com autismo, este modelo também fornece directrizes para a intervenção de acordo com os padrões sensoriais dominantes na pessoa. O autismo está associado a um padrão sensorial de Procura e de Hipersensibilidade. Vejamos:

Por outro lado, quando os limiares são mais baixos do que o normal, a criança precisa de menos input sensorial para registar a resposta – hiper-reactividade. Sendo assim, muitas crianças com autismo não toleram o toque (defesa táctil) ou ficam fascinadas com o “tique-taque” de um relógio de pulso, pois são muito sensíveis a estímulos tácteis e auditivos.

Frequentemente, as crianças com autismo oscilam entre a procura de sensações e a hipersensibilidade às mesmas.

Através do questionário para pais Sensory Profile os técnicos podem tirar conclusões sobre o padrão de processamento sensorial da criança, e com base nesse conhecimento criar estratégias que respondam às necessidades sensoriais da criança e evitem os comportamentos disruptivos, o que promove a aprendizagem e uma melhor percepção do que se passa em seu redor.




Modelo D.I.R.

DIR - Modelo baseado nas Diferenças Individuais e na Relação

Teoria Cognitivo Comportamental

A Terapia Cognitivo Comportamental baseia-se na estrutura de que um pensamento gera um sentimento que induz a um comportamento. Foca-se no esclarecimento e modificação das distorções que ocorrem nos pensamentos, que são responsáveis pelos sentimentos negativos e que resultam em condutas inadequadas ou causadoras de sofrimento.


A base da Terapia Cognitivo Comportamental é que os sentimentos e os comportamentos são determinados pela maneira que a pessoa estrutura e interpreta o mundo, como pensa, de acordo com as suas crenças. Ao analisar as suas crenças pode modificá-las, afectando o seu desenvolvimento sócio-emocional.


O objectivo é a reestruturação destes pensamentos fazendo com que a pessoa encontre distorções da realidade que possam estar a gerar sofrimento.


Os pensamentos automáticos devem ser analisados com bastante atenção na terapia cognitiva. As razões que levam à criação de certos conceitos podem ser baseadas em intuições distorcidas.A postura do terapeuta é de extrema importância, não podendo ficar escondido atrás da técnica e deixando a relação terapêutica de lado. A confiança e a colaboração são fundamentais.





Intervenção Precoce

Todo o campo da saúde mental tem apresentado mudanças significativas ao longo dos anos, o que permitiu também que a intervenção junto das crianças autistas passasse por transformações.

Com isto, o pensamento vigente passou a ser a detecção precoce da doença, que tem como objectivo impedir que os seus sintomas se tornem irreversíveis ou mais difíceis de serem tratados. Do mesmo modo, ao longo das décadas, a intervenção junto de crianças autistas passou a focar o início da perturbação, antes que os seus prejuízos iniciais causassem maiores dificuldades, o que é muito mais complicado de ser tratado posteriormente. Desta forma, as intervenções actuais sobre a perturbação do espectro autista procuram, após a identificação dos da presença dos sinais de alarme, criar estratégias de intervenções que possam actuar, o mais precocemente possível, sobre estes sintomas.

Algumas destas intervenções, que estão a ser desenvolvidas noutros países utilizam a abordagem desenvolvimentista procurando actuar assim que as dificuldades iniciais são identificadas, no curso do desenvolvimento da criança autista, analisando o que o difere do curso do desenvolvimento típico para tentar aproximá-lo, o mais que puder deste último. Logo, a sua proposta é tentar retomar o processo do desenvolvimento típico que a criança autista não pôde percorrer devido às suas dificuldades na interacção e comunicação inicial.



Além disso, devido à plasticidade neuronal, que permite um maior rearranjo das ligações sinápticas e funcionamento cerebral, Dawson & Zanolli (2003) acreditam que, como a perturbação autista está associada a prejuízos nos sistemas cerebrais surgidos muito cedo na vida destas crianças, as intervenções precoces, por causarem transformações nas sinapses neuronais do cérebro, que ainda se encontram bastante flexíveis devido à pouca idade destas crianças, podem ajudá-las a exibirem uma actividade mais normal do mesmo.

Deste modo, um dos princípios fundamentais desta abordagem é acreditar que as interacções sociais recíprocas são fundamentais para todo o desenvolvimento infantil, e se elas estão prejudicadas nas Perturbações do Espectro Autista, devem ser trabalhadas para um bom prognóstico do quadro. Afinal de contas, dentro de um contexto de isolamento e privação de estímulos, as crianças autistas aumentam a sua sintomatologia, ao passo que, se for possível estimulá-las, pode ser que se consiga um abrandamento de seus sintomas, permitindo a estas crianças um espaço e uma oportunidade para se desenvolverem.




Intervenção Familiar

Descobrir que um filho tem Autismo pode ser muito difícil de aceitar para certos pais. Questões que se prendem com preconceitos, que infelizmente ainda existem, sobre o diagnóstico, a dificuldade de entender e muitas vezes aceitar o autismo, a preocupação vinda da incerteza que é o futuro do filho e as mudanças familiares face a uma perturbação incurável, precisam ser encaradas com respeito, e trabalhadas, visando a vinculação e a confiança para que se consigam atingir resultados positivos na abordagem das perturbações globais do desenvolvimento.


É de todo impossível trabalhar com crianças e adolescentes e desprezar o papel dos pais ou cuidadores. São eles que acompanham a criança nas dificuldades dia-a-dia, que passam mais tempo com elas e, seguramente, são eles que as conhecem melhor!

Muitas vezes, os pais apresentam sentimentos que se reflectem na maneira de interagir com os seus filhos, muitos deles sentem-se impotentes perante a situação e admitem não saber o que fazer em determinada situação, não saber lidar com o seu filho. Uma boa relação com as pessoas que mais lhes são chegadas é importante para o bom desenvolvimento dos mais pequeninos. Nas crianças com autismo, apesar da sua dificuldade em socializar e comunicar, essa relação é igualmente necessária e muito importante.

Como já referenciado neste blog, os pais devem assumir a posição dos filhos, brincar com eles sempre com o objectivo de proporcionar situações que possam estimular a criança a adquirir novas competências. Isto pode parecer difícil para os pais, “Como é que eu faço isso?”, “Como sei se estou a fazer o que é certo?”, estas dúvidas são legítimas e desanimadoras, no entanto os pais nunca devem deixar de procurar ajuda.

O TPBA (Avaliação Trandisciplinar Centrada no Jogo) e o TPBI (Intervenção Trandisciplinar Centrada no Jogo) são dois métodos que muito podem auxiliar os pais onde envolve a criança em situações de jogo estruturadas, ou não, pelos pais ou por um dos profissionais. No TPBA, a criança é observada durante um determinado período de tempo a brincar com um facilitador, um dos profissionais que constitui a equipa ou os seus pais. O facilitador deve comentar a acção da criança, modular os estímulos, usar tempos de espera, introduzir a troca de turnos, promover a interacção social, provocar acontecimentos interessantes, ajudar a criança a criar estratégias para resolver problemas e equilibrar a experimentação, demonstração e orientação. Esta observação providencia uma avaliação desenvolvimental em diferentes domínios, nomeadamente o cognitivo, o motor, o sócio-emocional e a linguagem/comunicação. O segundo (TPBI) constitui um processo de intervenção natural e funcional que é construído de acordo com as competências da criança e que promovem um desenvolvimento positivo. Preconiza que a intervenção deve ser expandida à casa da criança, escola e restante comunidade, sendo este processo orientado para a criança considerando as suas motivações e interacções com o meio como chave para a aprendizagem.

O TPBI é um processo orientado para a família que a envolve directamente no processo de tomada de decisão sobre o tipo de intervenção mais apropriado e encoraja a utilização de tarefas domésticas e situações com que a criança se depara diariamente como sendo materiais lúdicos e oportunidades de interacção e desenvolvimento, ou seja, através destes é possível que os pais sejam parte interveniente na expansão das competências dos seus filhos sentindo-se deste modo úteis e capazes de ajudar.


Um estudo realizado por Bristol e Schopler (1983) demonstra que o stress dos familiares destas crianças é mais elevado do que aqueles que possuem um filho com um desenvolvimento típico ou até mesmo com Síndrome de Down, sugerindo que o stress parece ser um processo geralmente encontrado nos familiares de pessoas com autismo em virtude da especificidade da síndrome. Por isso, um novo conceito foi criado, o conceito de copping. Este conceito tem sido descrito como o conjunto de estratégias utilizadas pelas pessoas para se adaptarem a circunstâncias adversas ou stressantes.


Vários autores identificam duas formas principais de copping:

Centrado no problema: inclui estratégias de definição do problema, criação de soluções alternativas, selecção e implementação da alternativa escolhida.

- Centrado na emoção: tem como objectivo promover acções para controlar o estado emocional e impedir que as emoções negativas afectem a promoção de acções para a solução dos seus problemas.

O copping deve ser visto como independente do seu resultado! Uma estratégia de coping não pode ser considerada propriamente boa ou má, mas precisa de ser avaliada a partir do contexto e das características em que ocorreu o episódio de stress e dos indivíduos envolvidos.

Para Compas (1987), ambas as estratégias de coping são importantes, no entanto, a sua eficácia é principalmente caracterizada por flexibilidade e mudança. Novos embates requerem novas formas de coping, pois uma estratégia não é eficaz para todos os tipos de stress.

Com o auxílio das técnicas e métodos aqui mencionados e com todos os outros aqui referenciados no blog, ainda que alguns sejam conceitos bastantes teóricos, os pais conseguirão compreender os seus filhos, as suas reacções e os seus comportamentos o que deste modo irá promover o seu desenvolvimento em diversas áreas e levará, principalmente, a que se sintam compreendidos, apesar da sua maneira tão especial de viver a vida.





Musicoterapia

A musicoterapia é considerada uma ciência paramédica que estuda a relação do homem com o som/música. "A influência fisiológica e psicológica do som no cérebro traz inúmeros benefícios à pessoa.” Esta, através da pesquisa sobre a vida e o ambiente no qual está inserido o paciente, procura identificar e equilibrar o seu ritmo interno (Santos, L.)

A musicoterapia é a primeira técnica de aproximação com a criança autista. Pode-se considerar que o autista é uma espécie de feto que se defende contra os medos de um mundo externo desconhecido e contra as sensações das deficiências do seu mundo interior. Portanto, é importante trabalhar em etapas com elementos de regressão, ou seja, musicoterapia passiva ou receptiva (o paciente é submetido ao som sem instruções prévias), de comunicação e de integração.

As actividades de musicalização, por exemplo, servem como estímulo à realização e ao controlo de movimentos específicos, contribuem na organização do pensamento, e as actividades em grupo favorecem a cooperação e a comunicação. Além disso, a criança fica envolvida numa actividade cujo objectivo é ela mesma, onde o importante é o fazer, participar, não existe cobrança de rendimento, a sua forma de expressão é respeitada, a sua acção é valorizada, e através do sentimento de realização ela desenvolve a auto-estima.

Sadie Bréscia (2003, p.50) afirma que:

Em suma:



http://www.autistas.org/musicoterapia.html Consultado a 29 de Dezembro de 2008, pelas 18.24h.

Bréscia, Vera Lúcia Pessagno. Educação Musical: bases psicológicas e ação preventiva. (2003)São Paulo: Átomo.